domingo, 21 de agosto de 2011

Pequena pausa... de contos...

Desejo...

Continuava debatendo-se contra si próprio. Sendo achado superior, sendo atirado para um ringue, sendo amado, sendo querido... Não sendo nada... 

Era apenas mais um dos seus sonhos... Acordava olhando para a sua janela, pensando sempre ter entrado alguém. Olhava para o seu lado, sempre achando que alguém se havia aproximado dele, apenas para sentir o doce toque do seu corpo, a sua doce calma, a sua doce impaciência... Impaciente por um momento verdadeiramente digno de uma designação de momento querido...

Afinal... Acordava. Ansioso por cumprir o seu desejo... Contentava-se apenas com um doce levedar do seu lábio, com um doce toque, suave, nem que não lhe tocasse, mas sentir-lhe a alma, sempre a correr pelo corpo deste formoso ser que tanta vez o havia feito acordar do seu sono, sem nunca dormir, acordar da sua vida, sem nunca morrer, acordar de tudo o que fechava... Mantendo-se livre...

Afastando-se de tudo o que o definia, de tudo o que o definiu, de tudo o que o criou, apenas na ânsia de concretizar um desejo, de voar sem nunca flutuar, de ter, sem nunca ter tido nada na sua inocente vida, na sua inocente existência, mesmo que uma procura de tal desejo, nunca se tornasse inocente, apenas um desejo carnal, com um ser tão formoso que até para ele se tornava único, um ser já habituado a ver de tudo, a ver objectos formosos...

"(...)apenas na ânsia de concretizar um desejo(...)"

Nunca soube o que era envolver-se de tal maneira num ser que nem a própria chapada verbal lhe custasse tanto... Que a própria chapada verbal, o fizesse cair no erro da humanidade de como se um íman o atraísse, e um oposto o atirasse ao chão, cada vez mais, se afastava do seu berço... Tudo na ânsia de satisfazer um desejo que nunca na vida viria a concretizar... Pelo menos tão cedo, achava ele...

Raúl Amarantes.