Futuro
O futuro é uma mentira. É uma mentira da vida. Nunca, mas nunca poderá estar destinado. Não consigo aceitar que desde o momento que estamos vivos que temos aquela/e rapariga/rapaz destinada/do. É impossível aceitar. Deixamos de viver. Passamos a ser peças de um jogo de xadrez com uma escala mundial.
Como poderá ser que a vida esteja destinada? É impossível, pois na nossa vida, relacionam-se outros. E esses outros, por mais quilómetros que estejam separados de nós, na linha do tempo, estarão juntos connosco? É simplesmente impossível e simplesmente repugnante. É um pensamento angustiante, pois isso significa que cada acto que efectuemos terá já a consequência pronta e nós, como meras peças de xadrez embarcamos nesse barco com destino já traçado.
Peguemos num simples desenho. Púnhamos a vida num mapa. Temos neste momento o barco em que iremos embarcar à nossa frente. Temos os marinheiros que nos levarão nesse mar com muita turbulência, muito obstáculo, Adamastor, ninfas e tudo o resto. Embarcamos num barco sem destino traçado, mas com o destino traçado ao mesmo tempo. Para onde iremos? De onde partimos? Onde paramos?
"O Passado partiu sem nos dizer, o Futuro encontra-se a caminho, e o Presente é o caminho que temos que traçar. "
A vida é a construção feita no Presente. O Passado partiu sem nos dizer, o Futuro encontra-se a caminho, e o Presente (último tempo, não muito apreciado) é o caminho que temos que traçar. Mas... O Presente passa a Passado, o Futuro passará a Presente, e o Passado mantém-se.
Como que se gostássemos de nos lembrar do Passado para alegrar o Presente ou para entristecer o Presente. Também usamos o Passado para ver o que nunca iríamos fazer tal coisa de tal forma por isto...
Gosto de viver a vida... Gosto de controlar o que faço... E, de forma impressionante, não conseguimos ver o Futuro, mas desde o início já o temos traçado...
Não gosto de ser uma peça de xadrez nesse jogo tão fútil, nesse jogo tão desenhado, nesse jogo tão destinado... Odeio o destino, por me dizer o que irei fazer... Mas também odeio não ver o futuro já traçado.
Raúl Amarantes.
Raúl Amarantes.