domingo, 9 de outubro de 2011

Desculpe, mas não entendi o que disse...

Perfeição

Perfeição... A perfeição nunca pode vir a ser alcançada. A perfeição é o pleno em todos os campos, o não cometer erros no que quer que seja. Nenhum ser-vivo poderá alcançar a perfeição, e não, não considero Deus um ser-vivo, nem sequer existente.

A perfeição é o modo mais correcto e o melhor modo de fazer as coisas. Uma acção feita de forma perfeita, ou seja, sem erros, é sempre muito melhor que uma acção feita de forma imperfeita. A perfeição é o que é pedido a cada ser-vivo, mas com isto, pede-se o mais próximo.

A perfeição poderá ser considerada chata. A perfeição poderá ser considerada um objectivo. Alguém até poderá ser perfeito para um outro alguém. Essa mesma perfeição é a perfeição definida como destino. É a perfeição não alcançada pela melhoria, mas mesmo pelo que essa pessoa representa.

Quem é perfeito, sabe fazer qualquer coisa o melhor possível, certo? Esse será o pensamento... Essa mesma classificação suprema só pode ser alcançada pelos seres supremos, pelos seres únicos, pelos seres dotados de supremacia. Pelos seres dotados de melhorias, de conhecimento, de sabedoria. De tudo o que represente ser o melhor. Ser óptimo.
"Quem quiser ser "perfeito", que seja o príncipe encantado. Pois, na vida, é-se sempre perfeito para alguém..."

Quem forma objectivos de forma a ser o melhor? O ser-humano forma objectivos de forma a alcançar a perfeição, de forma a alcançar a melhoria, de forma a ser mais aceite. De forma a fazer as coisas de  uma forma que pareçam melhor, de uma forma que não se lhes apontem erros.

Habituados a essa ideia de que a perfeição não pode ser alcançada, criamos uma ideia de que a perfeição é a quase-perfeição. De que a perfeição é uma coisa que pode ser alcançada. E foi boa a iniciativa de não ficarmos colados à raiz da palavra. Porque afinal, se tentamos alcançar algo que não poderá ser alcançado, vivemos uma vida em vão. Não vivemos simplesmente.

É como se jogássemos às cartas e mesmo que tivéssemos um par de cartas que não valesse, continuávamos a procurar a vitória, sempre a perder, a levar aquela cruel resposta de que perdemos, aquela cruel palavra de derrota, aquela cruel vergonha. 

A perfeição é algo ansiado pelos homens, na medida em que vivendo a vida com perfeição, nunca erramos, nunca sofremos devido a nunca errarmos, nunca ouvimos sermões... 


Raúl Amarantes.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Desculpe, mas não entendi o que disse...

Memória
 O que é a memória? O que é esse cruel monstro que insiste em nos magoar? Esse cruel monstro que insiste em não esquecer o que queremos que o coração esqueça? Mas, a memória também é um ser impressionante e muito maravilhoso, pois traz saudades e sorrisos...

 A memória é uma das nossas partes mais exclusivas. Por ser tão única, por ser tão espantosa, tão fascinante, tanto tempo dedicamos a divagar no que recordamos... Quem poderá recordar aquele amigo de longa data com o qual se jogou futebol, com o qual se roubou frutas, mas não recordar aquela mesma morte de uma pessoa muito próxima de nós?

 A memória é uma faca de dois gumes... Tanto podemos usá-la para defesa, como podemos ser atacados por ela... A memória deverá recordar o passado... Ensinar-nos para o Futuro... Fazer-nos divagar, fazer-nos não confiar em tal pessoa por tal caso do passado... Quem enfrenta a memória? Quem não quer ter memória? 

 É um bem indispensável. Quando fazemos um trabalho, necessitamos de memória para recordar o que é necessário para esse mesmo trabalho. As datas importantes. Aniversários, eventos, comemorações, etc... 

 Esse cruel ser insiste em nos atraiçoar, insiste em nos surpreender. E nós, que nos julgamos um ser que se afasta da dor, mas que se aproxima da alegria, assistimos a todo este decorrer de acontecimentos, a toda esta cronologia mental.

Toda a nossa vida, todos os nossos acontecimentos, todas as nossas memórias, tudo o que nos define, definiu-nos, que nos classificou. Quem enfrenta a aparição de saudade, de mágoa, também tem que enfrentar a tristeza, a depressão, temos que aceitar que aquela memória existe.


"(...) gostamos de ter uma memória de quem provocou um impacto na nossa vida e por isso mesmo os recordamos na nossa mente (...)"

A memória pode ser vaga. Pode até ser inexistente. Mas afinal, é sempre memória de alguma coisa. Um sonho nosso, uma esperança nossa, uma visão que julgamos ter... A memória é directa. Dirigi-se a nós dizendo que tudo o que lembramos do passado, aconteceu. Pode não ter acontecido da forma que imaginamos, mas aconteceu. Que se tornou passado, que se pode vir a tornar futuro, que é Presente...

Esse fantástico ser é também um alento do ser que quer recordar a face do/a amado/a, que quer recordar a face do desaparecido, trazendo sempre aquela pequena tristeza, talvez até adornada pela lágrima à nossa face, à nossa cara, ao nosso ser intocável pelo Presente. 

É interessante... Às vezes, a memória magoa mais do que o momento, o Presente, o instante exacto em que vivemos esse momento... Todos gostamos de ter uma memória de quem provocou um impacto na nossa vida e por isso mesmo os recordamos na nossa mente. Podemos ter aquela imagem, aquela face que para nós foi intocável...

Mas... Apesar de a imagem mostrar os retoques da cara da outra pessoa, o seu leve sorriso, a sua tímida bochecha, nunca a imagem poderá fazer-nos recordar o que não gravou... E, quão mais forte for o que vivemos, mais facilmente lembramos esse momento... Mesmo que seja cruel...

E, respondendo a todas as minhas perguntas... A memória é o nosso diário sem escrever, a nossa câmara fotográfica sem flash, o nosso provador sem provar, mas sim saborear... Ninguém a quer enfrentar, pois mesmo que ela nos lembre os piores momentos, é porque não criamos mais momentos bons para calar esses mesmos fantasmas da alma...


Até uma próxima... "Não queiras apagar a tua memória... Afinal, lembras isso tudo por alguma razão..."