sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Desculpe, mas não entendi o que disse...

Memória
 O que é a memória? O que é esse cruel monstro que insiste em nos magoar? Esse cruel monstro que insiste em não esquecer o que queremos que o coração esqueça? Mas, a memória também é um ser impressionante e muito maravilhoso, pois traz saudades e sorrisos...

 A memória é uma das nossas partes mais exclusivas. Por ser tão única, por ser tão espantosa, tão fascinante, tanto tempo dedicamos a divagar no que recordamos... Quem poderá recordar aquele amigo de longa data com o qual se jogou futebol, com o qual se roubou frutas, mas não recordar aquela mesma morte de uma pessoa muito próxima de nós?

 A memória é uma faca de dois gumes... Tanto podemos usá-la para defesa, como podemos ser atacados por ela... A memória deverá recordar o passado... Ensinar-nos para o Futuro... Fazer-nos divagar, fazer-nos não confiar em tal pessoa por tal caso do passado... Quem enfrenta a memória? Quem não quer ter memória? 

 É um bem indispensável. Quando fazemos um trabalho, necessitamos de memória para recordar o que é necessário para esse mesmo trabalho. As datas importantes. Aniversários, eventos, comemorações, etc... 

 Esse cruel ser insiste em nos atraiçoar, insiste em nos surpreender. E nós, que nos julgamos um ser que se afasta da dor, mas que se aproxima da alegria, assistimos a todo este decorrer de acontecimentos, a toda esta cronologia mental.

Toda a nossa vida, todos os nossos acontecimentos, todas as nossas memórias, tudo o que nos define, definiu-nos, que nos classificou. Quem enfrenta a aparição de saudade, de mágoa, também tem que enfrentar a tristeza, a depressão, temos que aceitar que aquela memória existe.


"(...) gostamos de ter uma memória de quem provocou um impacto na nossa vida e por isso mesmo os recordamos na nossa mente (...)"

A memória pode ser vaga. Pode até ser inexistente. Mas afinal, é sempre memória de alguma coisa. Um sonho nosso, uma esperança nossa, uma visão que julgamos ter... A memória é directa. Dirigi-se a nós dizendo que tudo o que lembramos do passado, aconteceu. Pode não ter acontecido da forma que imaginamos, mas aconteceu. Que se tornou passado, que se pode vir a tornar futuro, que é Presente...

Esse fantástico ser é também um alento do ser que quer recordar a face do/a amado/a, que quer recordar a face do desaparecido, trazendo sempre aquela pequena tristeza, talvez até adornada pela lágrima à nossa face, à nossa cara, ao nosso ser intocável pelo Presente. 

É interessante... Às vezes, a memória magoa mais do que o momento, o Presente, o instante exacto em que vivemos esse momento... Todos gostamos de ter uma memória de quem provocou um impacto na nossa vida e por isso mesmo os recordamos na nossa mente. Podemos ter aquela imagem, aquela face que para nós foi intocável...

Mas... Apesar de a imagem mostrar os retoques da cara da outra pessoa, o seu leve sorriso, a sua tímida bochecha, nunca a imagem poderá fazer-nos recordar o que não gravou... E, quão mais forte for o que vivemos, mais facilmente lembramos esse momento... Mesmo que seja cruel...

E, respondendo a todas as minhas perguntas... A memória é o nosso diário sem escrever, a nossa câmara fotográfica sem flash, o nosso provador sem provar, mas sim saborear... Ninguém a quer enfrentar, pois mesmo que ela nos lembre os piores momentos, é porque não criamos mais momentos bons para calar esses mesmos fantasmas da alma...


Até uma próxima... "Não queiras apagar a tua memória... Afinal, lembras isso tudo por alguma razão..."

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