sábado, 25 de agosto de 2012

Colectânea de frases originais

Nota: Todas as reflexões, pensamentos, frases, textos publicadas aqui são originais.

Não faças para que as pessoas te reconheçam. Faz é para que te reconheças a ti próprio. Pois tu és tu, e quando perdes a tua identidade, nunca mais a encontras. Mesmo que procures uma vida inteira.

A perfeição é alcançada através da mentira e da ocultação. Por isso mesmo, quem se afirma perfeito, oculta a sua imperfeição.

As pessoas tendem a apaixonar-se mais pelo desconhecido do que pelo conhecido pois provoca menos desilusão. Mas apenas amam o que realmente conhecem, porque o que é conhecido como " a palma da mão", mais facilmente é perdoado.

A vida e o amor sempre foram excelentes inspirações. Infelizmente, alguns só têm uma delas. E outros, nem uma têm, resignando-se à morte.

A capacidade de ver o bom no mal é indispensável para a felicidade. Porque todos queremos viver alegres... E todos o tentamos ser de alguma forma...

Quem está realmente apaixonado, não consegue fingir. Cada ato que se realiza já tem uma pitada de paixão, e cada passo que se dá, já não é para trás... É um passo decidido em direcção ao correspondente... Por isso mesmo, nunca foi fácil fingir o amor... É instintivo.

Em alguns momentos da vida, temos que optar pela racionalidade em vez do coração. Mesmo que o coração tenha uma voz mais forte...

Às vezes, na procura da pessoa perfeita para nós, gastamos a nossa vida... Quando essa pessoa pode ter estado sempre connosco. "O ser-humano perfeito pode não se encontrar na outra ponta do mundo. Pode até ter passado a sua vida sempre connosco..."

Nunca deixes que um amor incondicional e perfeito ocupe a imagem da realidade... Afinal, nos contos de fadas onde o amor pelos dois protagonistas é perfeito envolve sempre um vilão. E o vilão pode ser a vida.

Tentei contar 2+2. Obti um resultado exacto. Tentei contar as estrelas. Perdi-me na imensidão de estrelas que havia naquele céu, livre de ser quem queria, brilhante e único. Tentei caracterizar um quadrado. 4 ângulos rectos, segmentos de recta com o mesmo comprimento. 
Mas, quando tentei escrever sobre ti e, falar contigo, revelou-se mais difícil que tudo o que fiz. Perdi-me na imensidão dos teus

 olhos, na incerteza da tua pessoa e nunca, mas nunca tu eras igual.
Como último exercício, tentei falar sobre o amor. Ocupava mais folhas que o meu caderno tinha, pois nunca obtia uma definição exacta. Nunca soube quem tu eras. Nem nunca soube o que era o que eu sentia por ti.
"Às vezes, até o mais simples, é o mais difícil..."

Porque o amor não pode ser caracterizado, explicado, resumido ou falado correctamente... E quando nos questionamos se amamos alguém por pensarmos constantemente nessa pessoa não temos que associar a amor... nem a perseguição. Temos que nesses momentos ouvir o coração... e não o cérebro.

Não queiras saber tudo. Afinal, se sabes tudo, nada te é estranho. E nada te provoca curiosidade...

Toda a gente quer ser quem verdadeiramente é. Mas, no entanto, não há ninguém que não repugne quem mostra a sua verdadeira faceta.

Há várias ideias de racional... Há várias ideias de sentimental... Há várias ideias de inteligente... Infelizmente... também há várias ideias do que é o amor...

Poderia escrever milhões de palavras, e no entanto, ficar ainda muito por dizer de ti. Poderia tirar milhares de fotos, e nunca me satisfazer com a tua imagem. Poderia recitar-te poemas que derretem até a chama mais intensa...
Oh... Poderia fazer tanta coisa, e no entanto, nunca a fiz...


A realidade, por vezes, magoa... É por isso que sabe bem imaginar em alguns momentos da vida...

A nossa imaginação é a única que poderá alimentar falsas esperanças... Mas de tão falsas que elas são, mais verdadeiras as tentamos tornar. 
Não queiras prender a tua imaginação. Sê livre, luta pelos teus sonhos e luta pelas utopias em que acreditas. Até o amor perfeito é uma utopia.


Raúl Amarantes
A arte de escrever
That's how we roll

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

A precariedade da vida

Nota: Toda a semelhança que poderá haver com a realidade é simplesmente coincidência.

Dia 6 de Junho de 2010

- Bom dia, Matilde. -cumprimentou Rafael com um beijo na bochecha direita- Dormiste bem princesa? 
 Ainda com sono, e a espreguiçar-se, Matilde respondeu:
- Sabes que não gosto muito que me chames princesa... Faz-me sentir vulgar, comum...
- Em nada, tu és comum Maggie. 
 Logo de seguida, Margarida deu-lhe um beijo apaixonado.
-  Obrigado, querido. Vamos tomar o pequeno-almoço?
- Claro. Se assim o desejar, princesa.  
 Dirigiram-se ambos para a cozinha, que tinha uma mesa que daria no máximo para 4 pessoas, feita com inox e um tampo de granito. Além disso, tinham um frigorífico da Teka, com 2 m de altura e 70 cm de largura. 
 Esta divisão tinha 5 m por 4. Era uma divisão avantajada para uma família como a de Rafael e Margarida, que recebiam, por vezes, alguns familiares e alguns amigos. 
- Que gostavas de comer? -perguntava Margarida- Torradas ou cereais? 
- Preferia comer torradas, por favor. Com queijo, se não te importas.
- Não é problema nenhum, querido. 
 Seguiu-se um curto silêncio, que foi interrompido por Rafael.
- Então, que vais fazer hoje, amor? 
- Deverei fazer o mesmo de sempre. Assinar papéis e mais papéis. Este trabalho cada vez se torna mais entediante. Sempre o mesmo processo. 
- O quê? Continuam com problemas com a outra empresa, a Alcides & filhos? 
- Sim, continuamos. Houve uma época em que tudo parecia que estava bem, mas afinal, eles decidiram fazer um recurso ao processo. Alegam que a nossa construção irá invadir o seu terreno. Enfim, nunca mais nos vemos safos deste processo, e cada vez mais a crise aperta. Esta construção poderia vir a ajudar à estabilização da empresa e um possível crescimento, mas com o rumo que isto está a levar, não sei se teremos hipóteses de sobreviver. 
 Após a longa explicação, houve um curto silêncio, que foi interrompido desta vez por Margarida.
- E então, como deve ser o teu dia de trabalho? 
 Neste momento, Margarida entregou a Rafael as torradas que tinha acabado de fazer, acompanhado do chá que o mesmo costumava tomar.
 - Oh, deve ser mais um dia de servir bebidas e snacks. Naquele bar nunca acontece nada de excitante. Além disso, por vezes, o chefe não aparece no trabalho. Ausenta-se por um dia, ou até dois e depois aparece lá, para se ausentar outra vez. -após tomar o chá sugeriu- Que tal vermos o que dá nas notícias? 
- É uma boa ideia. 
 Em letras garrafais, aparecia na Sic a notícia da demissão do José Sócrates do cargo de secretário-geral do PS que tinham discutido na noite anterior.
- Mais uma vez aparece a cara da crise... -comentava Rafael- Importas-te que mude de canal, Margarida?
- Não, querido. Se a cara dele te chateia, o melhor é mudar. Vê do que falam na TVI. 
 Assim procedeu Rafael.
 Na TVI aparecia uma reportagem sobre as marchas populares que estavam a acontecer em Lisboa desde dia 4 até dia 6 e a festa em si. 
- Um dia, gostava de ir ver estas festas ao vivo. -disse Margarida- Sempre ouvi dizer que estas festas têm muita vida e acho que no período de crise que vivemos, precisamos de sentir alguma alegria. 
- Iremos lá um dia Margarida, prometo-te. 
 De repente, ouviram um alarme que mais parecia um sussurro do vento. Foi quando se aperceberam das horas que eram.
- Deus do céu! Já são 8 e 5! Vou-me atrasar! -disse Rafael, despedindo-se logo de seguida de Margarida- Volto mais logo querida! Desculpa não ficar mais um pouco, mas tenho mesmo de ir. Amo-te muito, princesa! 
- Está bem. Adeus querido. Também te amo muito. -e despediu-se com um beijo. 
Margarida vestiu-se logo de seguida (ainda se encontrava no pijama com ursinhos que tanto gostava), com um vestido azul escuro que dava até ao joelho e calçou uns chinelos formais castanhos. Entrou no seu Nissan Micra e decidiu seguir até à empresa em que trabalhava onde teria uma surpresa...


As famosas marchas de São João
Raúl Amarantes.
Continua numa próxima vez...

domingo, 29 de julho de 2012

A precariedade da vida

Domingo, 5 de Junho de 2011

 -Este maldito governo acabou finalmente! Já estava cansado de guerrilhas e de procuras de poder! -dizia o personagem- Veremos se o governo que vai entrar trará um crescimento para o país. Esta situação que estamos a sofrer era dispensável. Poderíamos ter resolvido isto há muito mais tempo! 
 -Na minha opinião, nada irá melhorar. Continuaremos num turbilhão de emoções, cada vez a contar mais as esmolas com que ficamos no final do mês. -respondeu o segundo personagem- Não penso que estaremos safos. 
 -Esta situação terá de melhorar. Não podemos continuar sempre nesta miséria! Estou cansado da vida que levamos. Quero cumprir os meus desejos de criança! Espero ter um Mini Cooper S brevemente! 
 - Calma querido. Infelizmente teremos de fazer cada vez mais sacrifícios. O dinheiro que ganhamos actualmente não dá para grandes luxos. 
 - Sim querida, mas o dinheiro que estamos a ganhar neste maldito país só nos dá a rotina do dia-a-dia. Estou cansado da monotonia! Estou cansado de não puder pagar-te um jantar a dois! Estou cansado desta maldita vida! 
   A segunda personagem manteve-se inquieta, sem nunca responder, enquanto pensava numa resposta para dar. Não disse nada, e assim ficou o ambiente. Logo a seguir, já sentados no sofá azul pálido começaram a ver a demissão de José Sócrates do cargo de Secretário-Geral do PS, logo após as eleições, na televisão que tinha escrito Sony Bravia. 
   Eles encontravam-se numa divisão que tinha uma cor assemelhada ao bege, uma mesa em que eles raramente jantavam e uma dimensão de 7 metros por 4. Além disso, esta divisão tinha uma decoração clássica com umas cadeiras pretas bastante confortáveis, um espelho bastante comprido que tinha quase a largura da sala e uma altura de 70 cm. 
 - Por fim, este homem saiu do governo! Já estava cansado de "Freeports", de "Faces Ocultas" e de "Alquevas"! Este tipo apenas queria um poleiro de forma a ganhar algum dinheiro! Ainda bem que deixou de ser político! -argumentou o primeiro sujeito- Concordas, não concordas Matilde? 
 - Eu até que o acho inteligente. -respondeu Matilde.
 - Mas deu-te alguma coisa que tenha afectado o teu juízo?! Esse homem é a personificação da ganância, do roubo, da burrice e da própria crise! Esse ser é a causa de toda a pobreza que muita gente sofre! Se tivesse pedido ajuda muito mais cedo, não estaríamos a sofrer tanto! Ele apenas se preocupou com o seu próprio bem-estar e o dos outros apenas lhe importou quando o voto desses é que contava! 
 - Rafael, tens de ter calma. Essa tua angústia é igual à angústia de muita pobre gente neste país. Eu percebo que te sintas zangado. No entanto, tens de admitir que este homem é muito inteligente. Foi muitas vezes questionado em relação aos casos em que esteve envolvido e nunca se avançou nada. Pessoalmente, até acho que ele foi mal-entendido. Que resultado achas que a vinda do FMI terá para este país? Achas mesmo que tudo irá ficar resolvido miraculosamente? Esta ajuda que o FMI vem dar ao país, torna-se uma ajuda para eles mesmos. 
 - Mas Matilde, não havia outra possibilidade que não fosse pedir ajudar externa! O dinheiro foi todo gasto em mesquinhices! O dinheiro de uma população foi gasto num pequeno grupo! Achas isso correto?! O dinheiro teria de aparecer! Por essa mesma razão tivemos de pedir, para compensar o gasto desnecessário com esse pequeno grupo! Cansei-me de toda a estupidez manifestada pelo grupo político que controla o nosso país! Um governo deverá controlar a vida em sociedade balançando a vida de cada um com a vida que toda essa gente tem em convívio! O problema foi que esse dinheiro que supostamente era para uma população de 10 milhões reverteu para um grupo de "carapaus de corrida" que se encontravam no poder. 
 - Rafael, entendo o que tu estás a dizer, mas não podes responsabilizar um homem pelo enriquecimento de alguns "carapaus de corrida". 
 - E então, quem irás responsabilizar? Alguém foi o culpado disto. 
 - Eu não sei. Apenas te digo que este homem é bastante inteligente e que foi mal entendido. A única coisa que eu sei é que nós e muitas outras pessoas somos as vítimas disto. O único papel que temos nesta história é de fazer cada vez mais sacrifícios e arcar com as consequências dos actos de muitas outras pessoas. 
   Logo após Matilde ter acabado de falar, Rafael deu-lhe um beijo na testa e disse-lhe:
 - Apesar da dificuldade económica que possamos sentir, nunca deveremos sentir uma dificuldade sentimental nesta mesma época. Felizmente, o amor não tem preço. Quem ama, ama apenas pelo prazer de poder amar. Eu amo-te e espero poder dizer-to muitas mais vezes na vida. Deixemos a política para quem entende e façamos o que entendemos. -deu um beijo a Matilde e disse- Vá, já se faz tarde. Vamos dormir e amanhã falamos melhor. 
   Matilde concordou e foram para a cama, logo após lavarem os dentes e a cara. 
   A cama era muito confortável, com uns lençóis feitos de linho e algodão. As almofadas eram preenchidas com penas e por isso, mal se deitaram, entraram num mundo de sonhos, em que tudo podiam alcançar.
   Rafael sonhava conduzir o seu querido Mini Cooper S, acompanhado de Matilde, no seu país de eleição, a Suíça, enquanto apreciava a beleza natural, sem se preocupar com nada. No entanto, a meio da noite, acordou sobressaltado. Tinha sentido um toque e por isso, abriu logo de imediato os olhos. 
 - Ãhn? Diz Matilde.
 - Rafael, não consigo dormir. 
 - Então e porquê Matilde?
 - Não sei... Acho que me preocupo com o nosso futuro. Afinal de contas, todos estes problemas que sofremos vão-se reflectir na nossa vida. Toda a nossa rotina já se tornou monótona. Agora que sabemos que vamos ter de fazer mais sacrifícios, que interesse terá a nossa vida? Onde encontraremos a nossa felicidade? Afinal, vamos sofrer cada vez mais o aperto do cinto. Temo muito o nosso futuro... 
 - Tem calma Matilde. Conseguimos sobreviver até agora e conseguiremos sobreviver. Agora descansa, porque amanhã terás de acordar cedo. 
 - Hoje. -disse Matilde entre risos- Obrigado por me reconfortares. Até mais logo. -e despediu-se com um beijo.

Raúl Amarantes.

Para Continuar...

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Simplesmente escrita

Não é fácil escrever. A escrita é uma abertura ao mundo, uma demonstração de sentimentos, como quando se mostra um produto. Apresentam-se os defeitos, as qualidades, as ambições... e os fins desses mesmos produtos. Além disso, escrever também é difícil porque se tende a tentar saber bastante sobre um mesmo assunto. E quando não se sabe sobre um assunto, inventa-se. Formulam-se histórias de vida, histórias de amor, tragédia, miséria e até tristeza. Criam-se novas personagens com tais retoques, que nos parecem inclusive reais... Algumas delas parece que são as que falam connosco, que nos entendem. São as que nos podem afastar do mundo tão imperfeito em que vivemos. Não magoam, não exploram, nem nos atacam. Apenas se resignam à sua forma de ser, sem nunca interferir na nossa forma de estar. 
 No entanto, às vezes, envolve-mo-nos tanto numa história que ela os parece um retrato do que já possamos ter sofrido, e vemos refletido em meras páginas, meras palavras, simples vocábulos, a nossa história, a nossa vida, a  nossa personalidade. Vemos refletido o que sempre queríamos ser, tudo o que desejamos ser, tudo o que já fomos, e no entanto, até podemos ver nada. 






 Afinal, é isso que gostamos tanto na escrita. É um retrato de quem nunca fomos, de quem nunca podemos vir a ser. Aí se encaixa a escrita. Um mundo imaginário, onde não há limites. Onde o nosso próprio desejo é o que impera. Mas até o mais perfeito escritor tem de tornar o imaginado mais real... Porque, só assim, as pessoas sentem-se atingidas. 

Raúl Amarantes.


terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Desculpe, mas não entendi o que disse...

A Continuação

Muitas vezes na vida, tem de se continuar. O que é o acto de continuar? O acto de continuar é o acto de avançar para além de algum fim que nos tenha aparecido. Ou seja, muitas vezes na vida encontramos obstáculos. E é o acto de continuar que nos torna mais fortes. Já iremos comprovar isso. 

O título "A Continuação" poderá induzir que este será um texto que irá continuar um anterior texto, mas isso será induzir em erro. Vou falar do avanço para além de uma paragem que fizemos.

Todos definimos um caminho (se não definimos, andamos confusos), ou seja, uma forma de chegar a algum lado.

E na vida, é o nosso acto de continuar que nos permite definir. Ou continuamos, ou paramos. O que significa que paramos a nossa caminhada em direcção a algo, que supostamente foi o nosso desejo a longo prazo. É o nosso acto de continuar que nos difere dos fracos. É a capacidade de dar por acabado coisas ou acontecimentos do passado. Mas claro, a simples ideia de esquecer tudo o que nos agrada, ou que não nos convém, pode induzir para que (por fraqueza), nunca mais queiramos recordar algo que nos tenha acontecido. 

Ficamos em: para continuar,temos de pretender que os acontecimentos não aconteceram, mas não os esquecer permanentemente. Passar apenas uma barreira. Fingir que esses acontecimentos nunca nos afectaram. Mas para continuar, temos de aprender as lições que esses mesmos acontecimentos nos têm a dar.

"(...) não nos podemos prender ao passado, ansiar que algo fosse diferente do que já foi."

E isto, nem falando dos acontecimentos que nos convém. Só que há uma contrapartida. Os bons acontecimentos são apoios, enquanto os maus, tendo a possibilidade de serem também apoios, serem barreiras que nos impedem de alcançar certo fim. 

Para que é tão importante ter a capacidade de continuar? 

Afinal, não nos podemos prender ao passado, ansiar que algo fosse diferente do que já foi. Pedir, desesperar, implorar, humilhar-se. Não se pode. As coisas já aconteceram, e o acto de recuar no tempo, não  é um acto que conste da possibilidade humana. E apenas nos podemos sujeitar ao desenrolar dos acontecimentos. Tornamo-nos num boneco humano, já que temos a possibilidade de optar entre chorar ou viver.

Nietzsche comprova isto, quando diz: " (...) o que não me mata, torna-me mais forte.". Um outro ser (o qual não se sabe o nome) também diz: "Forte não é aquele que não cai, e sim aquele que tem a capacidade de se levantar.".

Não há que se iludir com desejos, com pedidos, com derrotas. Em tudo na vida, há uma vitória e uma derrota. Nós apenas caminhamos para a que mais quisermos. 

"Não é digno de saborear o mel, aquele que se afasta da colmeia com medo das picadelas das abelhas" - William Shakespeare


domingo, 9 de outubro de 2011

Desculpe, mas não entendi o que disse...

Perfeição

Perfeição... A perfeição nunca pode vir a ser alcançada. A perfeição é o pleno em todos os campos, o não cometer erros no que quer que seja. Nenhum ser-vivo poderá alcançar a perfeição, e não, não considero Deus um ser-vivo, nem sequer existente.

A perfeição é o modo mais correcto e o melhor modo de fazer as coisas. Uma acção feita de forma perfeita, ou seja, sem erros, é sempre muito melhor que uma acção feita de forma imperfeita. A perfeição é o que é pedido a cada ser-vivo, mas com isto, pede-se o mais próximo.

A perfeição poderá ser considerada chata. A perfeição poderá ser considerada um objectivo. Alguém até poderá ser perfeito para um outro alguém. Essa mesma perfeição é a perfeição definida como destino. É a perfeição não alcançada pela melhoria, mas mesmo pelo que essa pessoa representa.

Quem é perfeito, sabe fazer qualquer coisa o melhor possível, certo? Esse será o pensamento... Essa mesma classificação suprema só pode ser alcançada pelos seres supremos, pelos seres únicos, pelos seres dotados de supremacia. Pelos seres dotados de melhorias, de conhecimento, de sabedoria. De tudo o que represente ser o melhor. Ser óptimo.
"Quem quiser ser "perfeito", que seja o príncipe encantado. Pois, na vida, é-se sempre perfeito para alguém..."

Quem forma objectivos de forma a ser o melhor? O ser-humano forma objectivos de forma a alcançar a perfeição, de forma a alcançar a melhoria, de forma a ser mais aceite. De forma a fazer as coisas de  uma forma que pareçam melhor, de uma forma que não se lhes apontem erros.

Habituados a essa ideia de que a perfeição não pode ser alcançada, criamos uma ideia de que a perfeição é a quase-perfeição. De que a perfeição é uma coisa que pode ser alcançada. E foi boa a iniciativa de não ficarmos colados à raiz da palavra. Porque afinal, se tentamos alcançar algo que não poderá ser alcançado, vivemos uma vida em vão. Não vivemos simplesmente.

É como se jogássemos às cartas e mesmo que tivéssemos um par de cartas que não valesse, continuávamos a procurar a vitória, sempre a perder, a levar aquela cruel resposta de que perdemos, aquela cruel palavra de derrota, aquela cruel vergonha. 

A perfeição é algo ansiado pelos homens, na medida em que vivendo a vida com perfeição, nunca erramos, nunca sofremos devido a nunca errarmos, nunca ouvimos sermões... 


Raúl Amarantes.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Desculpe, mas não entendi o que disse...

Memória
 O que é a memória? O que é esse cruel monstro que insiste em nos magoar? Esse cruel monstro que insiste em não esquecer o que queremos que o coração esqueça? Mas, a memória também é um ser impressionante e muito maravilhoso, pois traz saudades e sorrisos...

 A memória é uma das nossas partes mais exclusivas. Por ser tão única, por ser tão espantosa, tão fascinante, tanto tempo dedicamos a divagar no que recordamos... Quem poderá recordar aquele amigo de longa data com o qual se jogou futebol, com o qual se roubou frutas, mas não recordar aquela mesma morte de uma pessoa muito próxima de nós?

 A memória é uma faca de dois gumes... Tanto podemos usá-la para defesa, como podemos ser atacados por ela... A memória deverá recordar o passado... Ensinar-nos para o Futuro... Fazer-nos divagar, fazer-nos não confiar em tal pessoa por tal caso do passado... Quem enfrenta a memória? Quem não quer ter memória? 

 É um bem indispensável. Quando fazemos um trabalho, necessitamos de memória para recordar o que é necessário para esse mesmo trabalho. As datas importantes. Aniversários, eventos, comemorações, etc... 

 Esse cruel ser insiste em nos atraiçoar, insiste em nos surpreender. E nós, que nos julgamos um ser que se afasta da dor, mas que se aproxima da alegria, assistimos a todo este decorrer de acontecimentos, a toda esta cronologia mental.

Toda a nossa vida, todos os nossos acontecimentos, todas as nossas memórias, tudo o que nos define, definiu-nos, que nos classificou. Quem enfrenta a aparição de saudade, de mágoa, também tem que enfrentar a tristeza, a depressão, temos que aceitar que aquela memória existe.


"(...) gostamos de ter uma memória de quem provocou um impacto na nossa vida e por isso mesmo os recordamos na nossa mente (...)"

A memória pode ser vaga. Pode até ser inexistente. Mas afinal, é sempre memória de alguma coisa. Um sonho nosso, uma esperança nossa, uma visão que julgamos ter... A memória é directa. Dirigi-se a nós dizendo que tudo o que lembramos do passado, aconteceu. Pode não ter acontecido da forma que imaginamos, mas aconteceu. Que se tornou passado, que se pode vir a tornar futuro, que é Presente...

Esse fantástico ser é também um alento do ser que quer recordar a face do/a amado/a, que quer recordar a face do desaparecido, trazendo sempre aquela pequena tristeza, talvez até adornada pela lágrima à nossa face, à nossa cara, ao nosso ser intocável pelo Presente. 

É interessante... Às vezes, a memória magoa mais do que o momento, o Presente, o instante exacto em que vivemos esse momento... Todos gostamos de ter uma memória de quem provocou um impacto na nossa vida e por isso mesmo os recordamos na nossa mente. Podemos ter aquela imagem, aquela face que para nós foi intocável...

Mas... Apesar de a imagem mostrar os retoques da cara da outra pessoa, o seu leve sorriso, a sua tímida bochecha, nunca a imagem poderá fazer-nos recordar o que não gravou... E, quão mais forte for o que vivemos, mais facilmente lembramos esse momento... Mesmo que seja cruel...

E, respondendo a todas as minhas perguntas... A memória é o nosso diário sem escrever, a nossa câmara fotográfica sem flash, o nosso provador sem provar, mas sim saborear... Ninguém a quer enfrentar, pois mesmo que ela nos lembre os piores momentos, é porque não criamos mais momentos bons para calar esses mesmos fantasmas da alma...


Até uma próxima... "Não queiras apagar a tua memória... Afinal, lembras isso tudo por alguma razão..."